A crise na educação municipal de Pilão Arcado ganhou um novo e lamentável capítulo nesta semana, após a divulgação de uma imagem mostrando a merenda escolar servida a estudantes da rede pública: arroz, feijão e pedaços de embutido — em porção reduzida e questionável. A imagem gerou revolta nas redes sociais e, em vez de respostas, o que a população presenciou foi omissão institucional e ataque político.
Nem a Prefeitura nem a Secretaria de Educação emitiram nota oficial. Apenas a direção da escola envolvida se pronunciou — um isolamento institucional preocupante, que revela ausência de liderança e descompromisso com a transparência.
Mais grave ainda foi a postura do secretário de Educação, Redovagno, que, em vez de apresentar uma resposta técnica, preferiu politizar o caso e desqualificar a denúncia, classificando a exposição como fruto da "delinquência rota" e alegando que se tratava de uma armação para "derrubar seus próprios aliados". A fala revela profundo despreparo emocional, autoritarismo retórico e incapacidade de lidar com a fiscalização cidadã. Um gestor público que reage assim diante de uma denúncia legítima demonstra que está mais preocupado com palanque do que com a merenda das crianças.
Vale lembrar que este não é um caso isolado. Na semana passada, um vídeo amplamente compartilhado mostrou alunos recebendo apenas arroz como refeição. A precariedade da alimentação escolar não é pontual, tampouco culpa das direções ou do corpo docente — que têm atuado com dignidade mesmo diante das limitações impostas pela gestão municipal. Trata-se de um problema estrutural e de gestão.
E a pergunta que não cala: com tanto recurso disponível, como se explica tamanha precariedade?
Segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, a Secretaria Municipal de Educação de Pilão Arcado dispõe de R$ 84.926.000,00 em recursos próprios — sem contar os repasses federais específicos para alimentação escolar do FNDE. Com um orçamento robusto como esse, a qualidade da merenda escolar deveria ser referência, e não motivo de vergonha pública.
Diante disso, é inadmissível que a gestão siga se omitindo, se eximindo e atacando quem ousa denunciar. A educação pública de Pilão Arcado precisa de gestão séria, compromisso com a verdade e respeito às famílias. Não há mais espaço para omissão, ataques e politicagem.