Hoje em dia, você pode ler várias biografias volumosas de Xi Jinping . Ou você pode simplesmente comprar uma revista em quadrinhos em francês, “ Xi Jinping . L'empereur du silence” (“ Xi Jinping : O Imperador do Silêncio”, Paris: Delcourt, 2024) do jornalista veterano e correspondente de longa data em Pequim para a mídia europeia Éric Meyer e do quadrinista italiano Gianluca Costantini. Tudo o essencial está lá, e nada é censurado por medo de reações chinesas, como acontece com muita frequência em outros relatos ocidentais.
A graphic novel enfatiza que a meritocracia como forma de selecionar a classe dominante na China é um mito. A maioria dos líderes chineses faz parte da “aristocracia vermelha”, uma nomenklatura feita de filhos e netos daqueles que estavam com Mao durante a Guerra Civil. Um deles foi o pai de Xi Jinping , Xi Zhongxun, que desempenhou um papel importante na revolução e na Longa Marcha. Não menos e, de fato, mais importante foi a mãe de Xi Jinping , Qi Xin, uma rigorosa ideóloga marxista que administrou por muitos anos a escola do Partido Comunista para quadros, uma importante instituição chinesa. Ela é uma figura a quem a graphic novel retorna continuamente.
O livro descreve o estilo de vida confortável e até excepcional da família de Xi na década de 1950. Eles tinham uma villa, um carro com motorista e um cozinheiro pessoal, numa época em que muitos chineses ainda lutavam contra a fome. No entanto, embora a Revolução Cultural tenha começado em 1966, alguns em torno do Presidente Mao começaram a expurgar o Partido de líderes acusados de ter privilégios demais alguns anos antes.
O pai de Xi caiu em desgraça em 1962, perdeu todos os seus cargos oficiais e foi enviado para trabalhar em uma fábrica de relógios a 800 quilômetros de Pequim. Xi Jinping teve que deixar a escola exclusiva para filhos de altos burocratas que frequentava e foi enviado para trabalhar em uma aldeia rural carente com comida e higiene precárias. Fiel às lições de sua mãe, ele nunca defendeu seu pai e repetiu que, não importa o que faça, "o Partido está sempre certo". Isso lhe permitiu, depois de muitas tentativas que falharam devido à situação de seu pai, ser admitido na Liga da Juventude Comunista e, finalmente, no Partido Comunista aos 18 anos.
A graphic novel insiste em como a mãe de Xi, de sua posição influente, constantemente organizou a carreira de seu filho, especialmente depois que seu marido foi reabilitado após a morte de Mao. Ela também corrigiu os erros de Xi. Xi primeiro se casou com a filha de um embaixador. Parecia uma boa combinação, mas não era, pois ela se importava mais com o luxo do que com o Partido. A mãe de Xi discretamente arranjou um divórcio e Xi se casou com Peng Liyuan, uma cantora que era o epítome da lealdade ao Partido. Quando Xi arranjou uma amante, sua mãe prevaleceu sobre o então Secretário Geral do PCC Jiang Zemin para chamá-lo ao seu escritório. Jiang explicou a Xi que esse era o tipo de pecadilho que poderia destruir uma carreira promissora.
Sua mãe também arranjou outras coisas. Por exemplo, quando Xi concorreu ao Comitê Central em 2002, ele não foi eleito inicialmente entre os 180 delegados. No entanto, uma cadeira n.º 181 foi criada apenas para ele, permitindo que ele se juntasse ao Comitê Central e subisse ao poder.
Os pais de Xi Jinping em 1999.
A mãe de Xi, que ainda está viva e fará 99 anos este ano, planejou há muito tempo que seu filho um dia se tornaria Secretário Geral do PCC e Presidente da China. Para atingir esse objetivo, vemos na história em quadrinhos como ela o ensinou a sempre dar a impressão de viver uma vida frugal, evitando qualquer exibição de um estilo de vida luxuoso e evitando escândalos sexuais e econômicos. Alguns destes últimos, afirma o livro, chegaram perigosamente perto de Xi, pois em suas várias nomeações provinciais ele fez amizade com empresários ligados ao crime organizado. Mas ele nunca foi acusado de nenhuma grande irregularidade, o que não foi o caso de seus principais rivais para a posição mais alta, que foram eliminados um após o outro. Alguns deles podem ter tentado impedir o progresso irresistível de Xi assassinando-o, afirma o livro, mas essas tentativas receberam pouca publicidade, embora os responsáveis tenham ido para a cadeia.
Xi também convenceu seus colegas de que ele era o homem certo para o cargo mais alto por meio de sua repressão implacável a qualquer forma de dissidência, o que ele explicou ser a única maneira de preservar o PCC do triste destino dos partidos comunistas na Rússia e na Europa Oriental.
Em 14 de março de 2013, Xi Jinping se tornou presidente da China. Ele se beneficiou inicialmente de uma conjuntura econômica favorável, mas, segundo o livro, cometeu erros devido à sua profunda desconfiança do Ocidente e espírito de vingança contra o que ele via como arrogância ocidental passada em relação à China. Por essa razão, ele enviou diplomatas agressivos e até mesmo indelicados para as principais capitais ocidentais e se aproximou cada vez mais de potências antiocidentais como a Rússia e o Irã — embora a graphic novel afirme que Xi e Putin não confiam realmente um no outro.
O livro enfatiza a repressão de todas as religiões e a repressão implacável aos uigures , tibetanos e ativistas pró-democracia de Hong Kong, bem como a gestão catastrófica de Xi da pandemia de COVID. Ele também descreve o sistema orwelliano de crédito social, baseado em uma rede abrangente de computadores altamente avançados, capazes de gerenciar os dados de 1,4 bilhão de cidadãos chineses. Cada cidadão tem um arquivo de crédito social, que é atualizado com vários tipos de informações da Internet, incluindo registros médicos e violações de trânsito. O computador processa essas informações e atribui uma pontuação de 300 pontos. Aqueles com menos de 180 pontos não podem ser empregados pelo governo, embarcar em trens ou aviões, ou receber empréstimos bancários. Se você for um dos 17 milhões de chineses na lista negra por baixo crédito social, pode até acontecer que aqueles que ligarem para você recebam uma mensagem automática avisando que estão lidando com um mau cidadão.
Xi foi comparado e se compara a grandes líderes do passado, incluindo Mao. No entanto, o livro argumenta que seu verdadeiro modelo é Genghis Khan. Xi tem a mesma ambição de se tornar o “imperador do mundo”. Não é um mundo que a maioria de nós gostaria
A mãe de Xi, que ainda está viva e fará 99 anos este ano, planejou há muito tempo que seu filho um dia se tornaria Secretário Geral do PCC e Presidente da China. Para atingir esse objetivo, vemos na história em quadrinhos como ela o ensinou a sempre dar a impressão de viver uma vida frugal, evitando qualquer exibição de um estilo de vida luxuoso e evitando escândalos sexuais e econômicos. Alguns destes últimos, afirma o livro, chegaram perigosamente perto de Xi, pois em suas várias nomeações provinciais ele fez amizade com empresários ligados ao crime organizado. Mas ele nunca foi acusado de nenhuma grande irregularidade, o que não foi o caso de seus principais rivais para a posição mais alta, que foram eliminados um após o outro. Alguns deles podem ter tentado impedir o progresso irresistível de Xi assassinando-o, afirma o livro, mas essas tentativas receberam pouca publicidade, embora os responsáveis tenham ido para a cadeia.
Xi também convenceu seus colegas de que ele era o homem certo para o cargo mais alto por meio de sua repressão implacável a qualquer forma de dissidência, o que ele explicou ser a única maneira de preservar o PCC do triste destino dos partidos comunistas na Rússia e na Europa Oriental.
Em 14 de março de 2013, Xi Jinping se tornou presidente da China. Ele se beneficiou inicialmente de uma conjuntura econômica favorável, mas, segundo o livro, cometeu erros devido à sua profunda desconfiança do Ocidente e espírito de vingança contra o que ele via como arrogância ocidental passada em relação à China. Por essa razão, ele enviou diplomatas agressivos e até mesmo indelicados para as principais capitais ocidentais e se aproximou cada vez mais de potências antiocidentais como a Rússia e o Irã — embora a graphic novel afirme que Xi e Putin não confiam realmente um no outro.
O livro enfatiza a repressão de todas as religiões e a repressão implacável aos uigures , tibetanos e ativistas pró-democracia de Hong Kong, bem como a gestão catastrófica de Xi da pandemia de COVID. Ele também descreve o sistema orwelliano de crédito social, baseado em uma rede abrangente de computadores altamente avançados, capazes de gerenciar os dados de 1,4 bilhão de cidadãos chineses. Cada cidadão tem um arquivo de crédito social, que é atualizado com vários tipos de informações da Internet, incluindo registros médicos e violações de trânsito. O computador processa essas informações e atribui uma pontuação de 300 pontos. Aqueles com menos de 180 pontos não podem ser empregados pelo governo, embarcar em trens ou aviões, ou receber empréstimos bancários. Se você for um dos 17 milhões de chineses na lista negra por baixo crédito social, pode até acontecer que aqueles que ligarem para você recebam uma mensagem automática avisando que estão lidando com um mau cidadão.
Xi foi comparado e se compara a grandes líderes do passado, incluindo Mao. No entanto, o livro argumenta que seu verdadeiro modelo é Genghis Khan. Xi tem a mesma ambição de se tornar o “imperador do mundo”. Não é um mundo que a maioria de nós gostaria
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