De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Thiago dos Reis explora fake news e informações descontextualizadas para lucrar no YouTube
Filiado ao PT, o youtuber Thiago dos Reis se destaca como um dos maiores criadores de conteúdo político de esquerda no Brasil. Seus vídeos são cuidadosamente criados para defender o governo Lula. “Mas combinam desinformação, ataques a opositores e geram enorme audiência e lucros”, informou o jornal O Estado de S. Paulo. Além disso, Thiago responde a 15 processos judiciais.
Aos 36 anos, o militante acumula mais de 1 bilhão de visualizações no YouTube desde 2017. Thiago, no entanto, nega receber informações privilegiadas do Palácio do Planalto e afirma que seu canal defende a “democracia”. Ele também assegura que nunca recebeu dinheiro do governo.
Reuniões de pauta e apoio de influenciadores
O Estadão revelou no dia 10 que a Secretaria de Comunicação Social (Secom), comandada por Paulo Pimenta, o PT nacional e lideranças da sigla no Congresso realizam reuniões matinais para definir temas a serem explorados com a participação de influenciadores.
O secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto, admite acionar influenciadores quando necessário. “Apesar de frequentemente divulgar informações falsas ou descontextualizadas, Thiago é recomendado por petistas que o classificam como relevante na ‘luta democrática’”, destacou o jornal.
O Estadão relata que os vídeos do youtuber petista frequentemente distorcem fatos e usam linguagem agressiva contra adversários. O conteúdo também dissemina desinformações, como a negação do atentado a Bolsonaro em 2022 e falsas alegações sobre o empresário Luciano Hang e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Thiago chegou a publicar que o empresário Luciano Hang teria matado a própria mãe durante a pandemia de covid-19 para ‘fazer teste’ e obter lucro — ela morreu após ser internada com a doença”, relatou o jornal. “Outra informação falsa que ele disseminou foi a de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teria comprado um sapato de R$ 20 mil com dinheiro público em Dubai.”
Ganhos financeiros e estratégias de monetização
O YouTube remunera criadores de conteúdo conforme as visualizações. Segundo o Social Blade, o canal Plantão Brasil pode gerar até US$ 110 mil mensais, cerca de R$ 550 mil. Thiago também pede doações via Pix e, nos últimos cinco anos, publicou 9,8 mil vídeos no canal principal, acumulando 989 milhões de visualizações.
Comparado a canais de influenciadores de direita, Thiago supera em visualizações. Seu canal tem mais seguidores que o Canal Gov, da EBC, criado 11 anos antes, e que o canal oficial do presidente Lula.
Defendendo o governo em situações críticas
Durante a tragédia no Rio Grande do Sul, Thiago defendeu o governo, alegando que Lula enviou R$ 50 bilhões ao Estado, embora grande parte seja composta de empréstimos.
Thiago grava seus vídeos com uma única câmera, centrado no enquadramento, e usa links compartilhados por grupos de outros militantes petistas.
Ele é criticado até mesmo por setores ideológicos por abusar de fake news. Pedro Zambarda, do site governista DCM, classificou seus métodos como um “desserviço às pessoas de esquerda”.
Envolvimento com figuras políticas
Desde 2020, Thiago ganhou destaque na esquerda. Ele recebeu Paulo Pimenta (PT) em uma live e participou de uma entrevista com Lula. Filiado ao PT desde 2017, tentou disputar uma cadeira de deputado federal em 2022, mas não conseguiu. Seu canal cresceu de 883 mil inscritos em outubro de 2022 para mais de 1,5 milhão, atualmente.
Além do Plantão Brasil, Thiago gerencia outros três canais no YouTube e atua em várias redes sociais. No Twitter/X, tem 412 mil seguidores e usa uma imagem com o slogan do governo e uma foto com Lula. Ele é ativo na promoção de personagens do núcleo duro de Lula.
Influenciador enfrenta processos judiciais
Oficiais de Justiça tentam localizar Thiago há dois anos para que ele responda a processos por calúnia e difamação e para cumprir uma prisão decretada em uma ação movida pelo pai. Desde 2022, 15 processos foram movidos contra ele, totalizando R$ 447 mil em indenizações.
A Justiça tentou notificá-lo em 11 endereços, sem sucesso. Thiago afirma morar no México atualmente. Em um dos processos, Luciano Hang o processou por alegações falsas sobre a morte de sua mãe, e a Justiça determinou buscas em órgãos públicos e empresas para localizá-lo, sem sucesso.
O ex-diretor da PF Marcio Nunes de Oliveira também moveu uma ação depois de ser caluniado por Thiago. Incapaz de localizá-lo, desistiu do processo após várias tentativas fracassadas.
Mandado de prisão e alegações de abandono familiar
Em julho de 2022, um mandado de prisão foi expedido contra Thiago em uma ação de alimentos movida pelo pai, alegando abandono depois de problemas psiquiátricos e de alcoolismo. O mandado segue em aberto no Conselho Nacional de Justiça. Thiago diz não ter dinheiro suficiente para pagar a ação, mas declarou um patrimônio de R$ 1,2 milhão na campanha de 2022.
Nas redes sociais, ele afirmou estar no México para escapar de “ameaças de bolsonaristas”. Thiago nega receber apoio do governo Lula e diz que sua atuação é a favor da democracia.
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