Às 9h15 de 6 de agosto de 1945, o bombardeiro Thomas Ferebee abriu as comportas do avião B-29 Superfortress, Enola Gay, e lançou aos ares de Hiroshima a bomba atômica Little Boy, que despencou 9 mil metros em apenas 43 segundos antes de detonar a uma altitude de 609 metros do chão.
A bomba explodiu com a força de mais de 15 mil toneladas de TNT diretamente sobre uma clínica cirúrgica a 152 metros da Ponte Aioi. Menos de 2% do urânio contido na bomba atingiu o ponto de fissão, mas foi o suficiente para a reação envolver a cidade em um flash ofuscante de luz e calor, com o solo atingindo uma temperatura de 3 mil graus Celsius em menos de 1 segundo.
A explosão vaporizou pessoas a 800 metros do marco zero e derreteu estátuas de bronze, telhas fundidas e peles expostas a quilômetros de distância, devido à energia infravermelha desencadeada pela reação. Cerca de 80 mil pessoas morreram instantaneamente.
Ainda que todo o dano físico desse atentado de 77 anos atrás tenha se dissipado graças ao tempo e perseverança japonesa, restando apenas a memória avassaladora, ainda assim existem alguns indícios horripilantes do estrago causado pela Little Boy. Um exemplo disso são as denominadas “Sombras de Hiroshima”.
Logo após a explosão atômica, que aconteceu tanto em Hiroshima como em Nagasaki, várias sombras de humanos e objetos surgiram espalhadas pelas calçadas e edifícios das cidades.
Segundo o Dr. Michael Hartshorne, administrador emérito do Museu Nacional de Ciência e História Nuclear de Albuquerque, no Novo México, em entrevista à LiveScience, a luz intensa e o calor se espalharam fora do ponto de implosão quando a bomba detonou. Os objetos e pessoas no caminho dela protegeram os objetos atrás deles, absorvendo a luz e energia, enquanto a luz circundante branqueava o concreto ou a pedra ao redor da sombra feita.
Ou seja, essas sombras que surgiram são, na verdade, como a calçada ou o prédio pareciam antes da explosão nuclear. São os restos das superfícies branqueadas, fazendo a área regularmente colorida parecer uma sombra escura.
A intensa energia liberada durante uma explosão atômica é o resultado de uma fissão nuclear, que acontece quando um nêutron atinge o núcleo de um átomo pesado. Durante essa colisão, o núcleo do elemento é quebrado, liberando uma grande quantidade de energia, e essa colisão inicial desencadeia uma reação em cadeia que só acaba quando todo o material original se esgota.
A bomba de Hiroshima foi alimentada com urânio 235 e plutônio 239, que liberaram energia em uma enorme quantidade de calor e radiação gama de ondas muito curtas. Nessas ondas longas e curtas estão os comprimentos das ondas visíveis que contém energia — que nossos olhos percebem como cores. Contudo, diferente das ondas de rádio, que são do tipo longas, as ondas da radiação gama são destrutivas para o corpo humano porque atravessam as roupas e a pele, danificando tecidos e o DNA.
A radiação gama liberada pela bomba viajou com uma energia térmica que pode atingir 5 mil graus Celsius e, quando atingiu um objeto ou uma pessoa, foi absorvida, protegendo os objetos no caminho e criando um efeito de branqueamento fora da sombra.
Estima-se que havia milhares de sombras logo após a explosão, mas a maioria delas foi destruída pelas ondas e o calor subsequente. Uma das poucas sombras que prevaleceram foi a de uma pessoa sentada nos degraus do Banco Sumitomo. Esta permaneceu no local por mais de 20 anos antes de ser removida e levada para o Museu Memorial da Paz de Hiroshima.
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