O presidente em exercício, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta sexta-feira (29) que Jair Bolsonaro (sem partido) não participará da COP26, conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, para evitar levar "pedradas".
O evento que reúne lideranças mundiais começa neste final de semana e vai até 12 de novembro, em Glasgow (Reino Unido). Mourão assumiu interinamente a presidência da República, porque Bolsonaro embarcou na quinta-feira para a reunião do G20, em Roma, que ocorre também neste final de semana.
"É aquela história, você sabe que o presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas, então ele vai chegar num lugar que todo mundo vai jogar pedra nele, né", justificou Mourão, ao ser questionado no Palácio do Planalto sobre a ausência do mandatário no encontro.
O presidente em exercício disse ainda que haverá uma equipe robusta em Glasgow, "com capacidade para levar adiante a estratégia de negociação [do Brasil]". Está prevista a participação dos ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente), Fábio Faria (Comunicações) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) na COP26.
O Brasil chega à conferência sob pressão da comunidade internacional para apresentar resultados no combate ao desmatamento e queimadas. Para Mourão, o país é alvo de críticas por dois motivos, por ser um governo de direita, nas palavras dele, e por uma questão de disputa econômica.
"A maioria das pessoas que têm realmente consciência ambiental maior são de esquerda. Então há crítica política embutida nisso aí", disse.
"Tem a questão econômica, né, sempre uma busca de uma barreira em relação ao nosso agronegócio, querendo dizer que ele provém de área desmatada da Amazônia, o que não é verdade".
Na última segunda-feira (25), Mourão afirmou que Bolsonaro manterá a postura combativa durante a conferência, na qual renovará seu pedido aos demais países para que paguem o Brasil pela preservação da Amazônia, disse o vice-presidente, Hamilton Mourão.
O Brasil defenderá o que considera um interesse nacional-chave com as "armas da diplomacia" na reunião que começa no próximo domingo (31), em Glasgow, no Reino Unido, declarou Mourão, que também chefia o Conselho da Amazônia, órgão responsável pelas políticas de combate ao desmatamento no bioma.
Na última Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a COP25, em 2019, o Brasil foi um dos responsáveis por bloquear as negociações climáticas. A expectativa é que elas sejam enfim concluídas agora, durante o evento no Reino Unido —o encontro deveria ter acontecido no ano passado, mas acabou adiado devido à pandemia de Covid.
Na edição de dois anos atrás, a delegação brasileira, sob a figura do então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, já defendia publicamente a ideia de pedir dinheiro para manter a floresta em pé.
Poucos meses antes, porém, o governo Bolsonaro tinha paralisado o bilionário Fundo Amazônia, que dava dinheiro para projetos de conservação da floresta, por afirmações de Salles de que havia irregularidades em contratos do fundo —o qual era alvo de auditorias internacionais anuais. Além disso, um decreto de Bolsonaro extinguiu os comitês gestores do fundo.
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