Cerca de 2 mil brasileiros que moram em Pacaraima, município de fronteira com a Venezuela, no Norte de Roraima, queimaram e destruíram nesta sábado(18) barracas e pertences de imigrantes abrigados em calçadas e terrenos baldios, segundo a Polícia Militar da cidade. Não há relatos de pessoas feridas.
De acordo com O Globo, a revolta contra aproximadamente 700 venezuelanos se iniciou por volta de 7h, conforme a polícia, e foi desencadeada após um empresário brasileiro ter sido assaltado e agredido por quatro imigrantes na sexta-feira (17). Os manifestantes obrigaram os estrangeiros a cruzarem a fronteira de volta para o país de origem. Foi feita uma barricada para impedir que venezuelanos retornem para Pacaraima.
O empresário brasileiro disse ter sido roubado e espancado por quatro venezuelanos e não teve como ser levado a Boa Vista, capital de Roraima, porque a ambulância do Exército estava disponível apenas para os imigrantes, segundo o tenente Marques. - Eles (brasileiros) ficaram revoltados com isso (atendimento exclusivo para venezuelanos). Pacaraima está um barril de pólvora que a qualquer momento pode ter uma tragédia, caso não ocorram providências. Dessa vez, não tiveram vítimas, mas na próxima não sabemos. Houve muito bate-boca - pontua.
Segundo o tenente, policiais foram infiltrados no movimento para identificar os autores dos ataques aos imigrantes. Ele informou ainda que a comarca do Ministério Público Estadual acompanhou toda a situação.
– Vamos passar tudo para a Polícia Federal para saber quem foi os responsáveis pela destruição. Nosso trabalho (PM) foi garantir a integridade física dos venezuelanos e agressão contra qualquer pessoa. Pedimos reforço policial para assegurar a segurança da cidade - revela, citando que a revolta foi controlada e não foi necessário o uso da força policial.
Nota do Governo
O governo de Roraima esclareceu que já enviou reforços para o hospital de Pacaraima, com profissionais de saúde e medicamentos, e também reforços policiais do estado para proteger a população daquele município, devido aos recentes acontecimentos.
O governo de Roraima esclareceu que já enviou reforços para o hospital de Pacaraima, com profissionais de saúde e medicamentos, e também reforços policiais do estado para proteger a população daquele município, devido aos recentes acontecimentos.
“Mais uma vez, o Governo de Roraima assume, de forma isolada, a manutenção de todos os serviços públicos, sem o apoio do Governo Federal”, diz a nota.
O governo de Roraima diz que é preciso que o Exército Brasileiro garanta a ordem na fronteira com a Venezuela.
“A solução para a crise migratória só acontecerá quando o Governo Federal entender a necessidade de fechar temporariamente a fronteira, realizar a imediata transferência de imigrantes para outros estados e assumir sua responsabilidade de fazer o controle de segurança fronteiriça e sanitária”.
Ainda conforme a nota, “é essencial também para o povo de Roraima o ressarcimento e a compensação dos gastos que o Governo do Estado está sendo obrigado a ter, por decisão judicial, para atender a excessiva demanda provocada por imigrantes venezuelanos na saúde, na educação e na segurança”.
A íntegra da nota da força-tarefa humanitária:
"Sobre o fato ocorrido na noite de sexta-feira, dia 17 de agosto, em que o senhor Raimundo Nonato de Oliveira, morador da cidade de Pacaraima, foi assaltado por imigrantes que estavam na cidade, a Força-Tarefa Logística Humanitária esclarece que o agredido, após ser socorrido pela equipe médica de plantão do Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, foi evacuado para Boa Vista, chegando em uma ambulância no Hospital Geral de Roraima. Atualmente, o senhor Raimundo encontra-se em situação estável.
O fato gerou um descontentamento de alguns moradores de Pacaraima e, na manhã deste sábado, 18 de agosto, ocorreu uma manifestação com atos de violência e destruição de acampamentos de imigrantes situados em alguns locais públicos.
Órgãos de Segurança Pública buscaram conter as manifestações de violência. A Força-Tarefa deslocou parte de sua equipe médica para o Hospital Délio de Oliveira Tupinambá para apoiar eventuais casos, em consequência da manifestação.
A Força-Tarefa Logística Humanitária, composta pelas Forças Armadas e integrada por Organismos Internacionais, Organizações Não Governamentais e entidades civis, repudia atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente de sua nacionalidade.
As Forças Armadas atuam em prol da sociedade brasileira, sempre disponíveis a ajudar à população em todo o território nacional".
Tags:
Brasil